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01/09/14

A robótica ao serviço dos pacientes com Alzheimer

Com o envelhecimento crescente da população mundial e o aumento das doenças do foro neurológico, necessitamos cada vez mais de instituições e profissionais especializados no envelhecimento de qualidade, na investigação e nos cuidados sociossanitários associados a patologias como o Alzheimer. Os cuidadores desempenham tarefas complexas e intensas que frequentemente afetam a sua condição física e emocional. Cuidar de um idoso, particularmente dos que padecem de patologias neurodegenerativas, é uma tarefa a tempo inteiro e que muitas vezes resulta na sobrecarga de alguns dos cuidadores. A robótica assistencial é uma inovação que poderá oferecer novas possibilidades na forma como cuidamos dos nossos idosos.      

Em março de 2012, a Universidade Carlos III de Madrid e a Fundação Alzheimer España celebraram um acordo de colaboração para criar robots que têm como objetivo aliviar a sobrecarga dos cuidadores familiares. O projeto chama-se ‘RobLab’ e será desenvolvido pelo RoboticsLab – a unidade da Universidade Carlos III de Madrid responsável pelas atividades de Investigação e Desenvolvimento em robótica avançada. Na mesma linha de investigação, a Universidade Rey Juan Carlos possui já um robot de 50 cm de altura que testou junto de alguns pacientes com Alzheimer, comprovando uma redução dos seus sintomas de apatia e de agressividade. Os resultados foram apresentados numa sessão da Primera Jornada Anual de Divulgación de la Cátedra Telefónica - Universidad de León dedicada à aplicação das tecnologias de informação e comunicação ao envelhecimento da sociedade. As sessões de roboterapia foram realizadas no Centro Alzheimer da Fundação Rainha Sofia e incluíram atividades de musicoterapia, fisioterapia e estimulação cognitiva como exercícios de lógica, repetição de palavras ou adivinhas.

Por outro lado, os robots podem ainda vir a desempenhar outras tarefas úteis no dia a dia de quem vive e convive com a demência. Entre estas tarefas podem incluir-se, por exemplo, recordar a toma de medicamentos, ajudar nas tarefas domésticas ou acompanhar atividades lúdicas como jogos, leitura ou artes plásticas. Ao estimular a interação e a comunicação, os robots podem contribuir para diminuir a apatia e a irritabilidade destes doentes, estimulando ao mesmo tempo as suas capacidades funcionais e cognitivas. Entre os vários sintomas, a doença de Alzheimer manifesta-se por perdas de memória e por alterações de personalidade que podem conduzir a comportamentos de desorientação, agressividade e depressão. Apesar de não existir ainda cura para a doença, e para além do tratamento farmacológico necessário, as diferentes intervenções cognitivas, sociais e tecnológicas são importantes para melhorar o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes de Alzheimer, dos seus familiares e cuidadores.

Porém para poder explorar e aproveitar em pleno os benefícios da robótica ao serviço da sociedade, do envelhecimento e dos doentes de Alzheimer em particular será necessária uma colaboração estreita entre os vários atores envolvidos, desde os engenheiros e técnicos encarregues de desenvolver os robots até aos próprios cuidadores e familiares destes doentes, passando também por associações, grupos de apoio e profissionais qualificados e especializados nos cuidados sociossanitários. Esta cooperação permitirá identificar quais são as necessidades principais destes pacientes e explorar de que forma e a quais dessas necessidades a robótica poderá oferecer uma resposta alternativa.

Queremos saber a sua opinião. Acha que a robótica pode ser uma ferramenta terapêutica eficaz na doença de Alzheimer?

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