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16/07/14

Velho rabugento...

Hoje queremos partilhar convosco um poema que se tornou viral na internet e cuja autoria tem sido atribuída a um idoso que faleceu num lar australiano. Posteriormente, quando as funcionárias tratavam dos seus pertences, descobriram este emocionante poema. Várias reproduções espalharam-se entretanto pela internet e por várias revistas ligadas à área da saúde mental. Emocione-se também: 

Cranky Old Man (Velho rabugento)

“O que veem vocês enfermeiras… o que veem?
O que pensam… quando olham para mim?
Um velho rabugento… não muito sábio,
Incerto por hábito… de olhos distantes?
 
Que deixa cair a sua comida… e não dá nenhuma resposta.
Quando dizeis em voz alta… ‘Eu gostaria que tentasses!’.
Quem parece não perceber… as coisas que fazes.
E que está sempre a perder… uma meia ou um sapato?
Quem, resistindo ou não… vos deixa fazer o que quereis,
Com o banho e a comida… no longo dia para preencher?
É isso que pensais?... é isso que vocês veem?
 
Então, abri os vossos olhos enfermeiras. Não estais a olhar para mim.
Eu vou dizer-vos quem sou… como me sento aqui tão quieto,
Como obedeço às vossas ordens… como me alimento pela vossa vontade.
Eu sou uma pequena criança de 10 anos… com um pai e uma mãe,
Irmãos e irmãs… que se amam uns aos outros.
 
Um jovem de 16 anos… com asas nos pés,
Sonhando que em breve… irá encontrar um amor.
Um noivo logo aos vinte… e o meu coração pula. 
Relembro os votos… que prometi cumprir.
Aos 25 anos agora… tenho o meu próprio filho.
Que precisa de mim para o guiar… e de uma casa segura e feliz.
 
Um homem de 30… e o meu jovem cresce agora depressa,
Ligados um ao outro… por laços que irão permanecer. 
Aos 40, os meus jovens filhos… já cresceram e partiram,
Mas a minha mulher está ao meu lado… para zelar que eu não choro.
Aos 50, mais uma vez… crianças brincam à roda dos meus joelhos,
Novamente conhecemos crianças… eu e a minha amada.
Dias negros caem sobre mim… a minha mulher faleceu.
Eu olho para o futuro… e tremo de pavor.
 
Para os meus jovens, tudo é criação… têm as suas próprias crianças.
E eu penso nos anos que passaram… e no amor que conheci.
Eu sou agora um homem velho… e a natureza é cruel.
É uma brincadeira fazer a idade… parecer uma loucura.
O corpo desmorona… a graça e o vigor partem.
 
Existe agora uma pedra… onde antes tinha um coração.
Mas dentro desta velha carcaça… ainda habita um jovem homem,
E de vez em quando… o meu coração golpeado incha,
Recordo as alegrias… recordo a dor.
E estou a amar e a viver… a vida outra vez.
 
Penso nos anos que foram tao poucos… e que passaram tão depressa.
E aceito o facto incontestável… de que nada pode durar para sempre.
Por isso, abram os vossos olhos… abram e vejam.
Não um velho rabugento.
Olhem mais perto… vejam-me… a MIM!!!”
 

O debate

O que vos parece este poema tocante e provocador? O que vos faz sentir e o que nos diz sobre a forma como vemos e cuidamos dos nossos idosos?

 

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