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23/07/14

Tiquetaque... Paramos os relógios?

Clara Díaz, Centro Virtual sobre o Envelhecimento.

Todos sabemos que estamos nesta vida de passagem. Na realidade, somos afortunados relativamente aos outros animais pois a nossa esperança de vida é bastante elevada e aumentou em muito pouco tempo.

Se escutarmos os nossos idosos, reparamos que quase sempre falam sobre a morte como algo fortuito e encaram-na com resignação, sem que a espera os atormente a cada dia que passa. Simplesmente aceitam que chegará, mas procuram viver o dia a dia.

Graças à cultura que se criou nos últimos anos sobre a «eterna juventude», principalmente física, a nossa forma de pensar também se moldou a esses ideais. Por isso quando nos perguntam a nossa idade não respondemos avidamente e quando chega o nosso aniversário, evitamos manifestar-nos para não termos de encarar o facto de estarmos a envelhecer. Por um lado, isto significa que queremos aproveitar cada dia, viver o maior tempo possível e desfrutar da vida. Em contrapartida, quando estamos demasiado centrados nos dígitos da nossa idade, nas mudanças do nosso corpo ou em tentarmos disfarçar a nossa idade ou aparentarmos mais novos, cria-se na nossa mente uma resistência ao avançar do tempo. Desta forma, o passar dos anos representa para muitas pessoas mais um mal-estar do que a alegria por terem vivido mais um ano.

Quando se evitam situações desagradáveis, estamos a esquivar-nos a um confronto. Neste caso, quando não enfrentamos a passagem do tempo, produzimos simplesmente um autoengano, uma vez que ela é visível e imparável. Se ignorarmos a passagem do tempo, a longo prazo os efeitos vão notar-se com muito mais intensidade e quem a ignora pode dar por si ultrapassado e sem recursos.

Quem vira as costas à passagem dos anos, pode vir a experimentar sintomas de ansiedade e de depressão ao longo da velhice.

Cuidar do exterior e do interior, manter-se ativo mental e fisicamente, desfrutar das pequenas coisas, pensar de forma positiva, encher a nossa «caixa de memórias» refletindo sobre tudo o que adquirimos enquanto pessoas, aproveitar cada momento para sorrir, saber o significado do sacrifício e reconhecer os próprios feitos alcançados com esforço, evitar o isolamento social, fazer os outros felizes...

Desta maneira, quando olharmos para trás, perceberemos que a passagem do tempo valeu a pena por tudo o que adquirimos e, ao invés de sentirmos tristeza por termos envelhecido, sentiremos alegria por termos tido a oportunidade de viver.

«Envelhecer é a única forma de viver muito mais.»

Fonte da imagem.

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