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27/07/15

Pacientes com Alzheimer: dicas do que não dizer e fazer

A Doença de Alzheimer é uma doença progressiva, degenerativa e sem cura, que traz muitos comprometimentos cognitivos, principalmente à memória. Com o tempo, a pessoa esquece-se de si e da sua família, momento esse de muita dor para todos e difícil de lidar, pois a família nunca está preparada para ser esquecida.

Por Simone Manzaro, Psicóloga.

Porém, com a perda da memória e outros comprometimentos que aparecem como dificuldades com atenção, raciocínio, linguagem, etc., o simples cuidar/lidar com essa pessoa, torna-se uma tarefa delicada e que precisa de muita atenção, carinho, respeito e bom senso por parte dos cuidadores, mas principalmente por parte da família.
 
Pretendo, no decorrer deste texto, dar algumas dicas do que não dizer e nem fazer para que, dessa forma, o convívio com o idoso seja o melhor possível.
 
Visitas ao paciente com Alzheimer
 
As famílias perguntam sempre sobre visitas ao paciente com Alzheimer. Dizemos sempre que as visitas são sempre bem vindas, mas que visita é diferente de hospedagem, a qual deve ser evitada. Cabe ao familiar responsável garantir que a visita seja breve e também avisar sobre possíveis intercorrências como perguntar se o idoso se lembra de si, dizer coisas do tipo “Como não se lembra de mim?” e afins. Considerando que todos sabem que a pessoa tem Alzheimer, certos comentários são desnecessários e acabam constrangendo o idoso.
 
Alucinações e delírios
 
As alucinações/delírios também são uma alteração muito comum na doença e que dificultam o cuidado. Sugerimos sempre a quem cuida que fique fora do delírio/alucinação do paciente e que possa, aos poucos, trazer dados da realidade para o mesmo. Nunca discutir com o idoso sobre o que possivelmente ele viu ou ouviu; procure chamar a sua atenção para outras coisas “reais” que estão no ambiente, de forma delicada.
 
Falar de pessoas que já faleceram
 
Por conta da perda da memória, o idoso pensa e comporta-se como se ainda estivesse a viver no seu passado, falando dos seus parentes que já faleceram como se estivessem presentes. Sugerimos sempre contar a verdade uma primeira vez, de uma forma bem súbtil e delicada, por respeito à pessoa. Sabemos que causará sofrimento, mas por uma questão ética devemos contar. Porém, essas perguntas voltarão a ser repetidas muitas vezes e não podemos ficar o tempo todo causando sofrimento ao idoso. Então, usamos estratégias para contornar a situação, contamos uma história e, às vezes, omitimos. Sabemos que não é correto, mas não vemos motivos para fazer o paciente sofrer mais. É de suma importância que a família também não fique provocando lembranças dolorosas o tempo todo.
 
Repetições 
 
Costumeiramente, o paciente com Alzheimer irá repetir a mesma história várias vezes como se não a tivesse contado. É muito importante ter paciência e carinho para ouvi-la quantas vezes for necessário. Afinal, para ele é um assunto novo.
 
Sair de casa
 
Situação muito comum, às vezes o idoso não reconhece o seu lar e quer ir embora. Sugerimos sempre que o idoso não esteja constantemente a mudar de residência, pois isso pode piorar o seu sentido de orientação espacial. E quando isso acontecer, convide o idoso para dar uma volta, pode ser no quintal, no quarteirão ou num jardim e depois leve-o novamente para casa. Provavelmente reconhecerá o seu lar e ficará bem.
 
Atividades da vida diária
 
Embora o idoso não se lembre das coisas e tenha dificuldades nas tarefas da vida diária, é importante que possamos incentivá-lo a realizá-las, mesmo com supervisão de alguma pessoa responsável para evitar acidentes: ajudar a fazer a cama, fazer um bolo ou varrer o chão, entre outras atividades.
 
Vestuário
 
Apesar do paciente não compreender muitas coisas, ele deve, sim, ser questionado sobre o que vestir, a cor, se deseja ou não usar determinada roupa ou sapatos. Muitas famílias, querendo facilitar o cuidado, não permitem que o idoso faça essas escolhas. Mas, pelo contrário, devemos estimulá-las. É simples, ofereça à pessoa apenas duas opções e peça que escolha ou aponte. 
 
Atividades cognitivas
 
É muito importante durante todo o processo da doença estimular as funções cognitivas do paciente. Para isso, ofereça jogos (quebra-cabeças, jogo da velha, forca, dominó); se o paciente faz alguma atividade manual, ofereça; desenhos para pintar, colagem, artesanato; ouvir música; completar palavras e frases; fazer cálculos matemáticos simples... São coisas simples, mas que fazem uma grande diferença.
 
Simone de Cássia Freitas Manzaro é psicóloga, formada pela Universidade Nove de Julho, São Paulo - Brasil. Realiza atendimento psicológico de adultos e idosos. É voluntária na Associação Brasileira de Alzheimer-ABRAz. Possui experiência em estimulação cognitiva para pacientes com demências, principalmente Demência de Alzheimer; atua também com estimulação cognitiva preventiva; realiza consultoria gerontológica, orientando familiares e cuidadores, criando estratégias e atividades para lidar com o paciente no dia a dia, supervisionando treinamento prático. É membro colaborador do site Portal do Envelhecimento. Psicóloga colunista do site Portal Plena.  Email: simonemanzaro@gmail.com
15/08/2015. 3:25 am

isabel escreveu:

preocupa-me muito esta doenca, ja com antecedentes familiares eu vejo-me tambem numa lista futura uma vez que durmo muito pouco e vivo os dias a pensar onde estou EU? tenho uma vida condicionada e sem futuro que resulta numa vivencia triste!

14/08/2015. 9:17 pm

Anselmo Pereira Faria escreveu:

Tenho a minha esposa com 64 anos ex-professora infelizmente com essa doença.Foi professora 38 anos e fez o Mestrado para subir na carreira em 2002. Gosto de saber tudo sobre a doença sou o seu cuidador e até agora não nos conseguimos separar um do outro,são 40 anos de casados.Quero sempre saber tudo ,obrigado por mais estas informações,muito obrigado.

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