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Ver um filme antigo pressupõe sempre um momento de recordação, principalmente se o filme se refere à nossa geração. Recordamos lugares, sons, pessoas ou situações. Voltamos atrás no tempo e percebemos que o passado pode ser um excelente catalisador. A partir do Centro Virtual sobre o Envelhecimento queremos saber mais sobre o papel que os filmes podem ter nos pacientes com demência e, por isso, exploramos vários projetos inovadores que se centram na terapia das recordações.

No Reino Unido, o Yorkshire Film Archive reuniu um grande conjunto de pequenos filmes domésticos entre as décadas 40 e 70 que retratam situações quotidianas como férias, reuniões de família e de amigos, desporto ou situações de trabalho, entre  outras. O objetivo é que as pessoas idosas que hoje sofrem de demência possam recuperar algumas das suas lembranças ao verem estes filmes, identificando-se com algumas das situações e ocasiões retratadas. O projeto, chamado Memory Bank, foi desenvolvido em colaboração com vários especialistas e institutos relacionados com a área das doenças neurodegenerativas. Através da página web do projeto é possível ter acesso a diferentes DVD temáticos que podem ser utilizados em função do tema que se queira explorar. Este tipo de materiais é uma ferramenta prática e importante que pode servir para ajudar a estimular as capacidades cognitivas dos pacientes com demência.

Existe também uma abordagem com outros tipos de intervenções como a musicoterapia em que se pretende, por exemplo, que os pacientes de Alzheimer recordem pessoas ou lugares associados a melodias e letras de música conhecidas. Ambas as intervenções funcionam não só como terapia de recordações mas também enquanto atividades de socialização que estimulam a confiança, a comunicação e a troca de experiências entre aqueles que vivem e convivem com a demência.

Foram desenvolvidas outras iniciativas semelhantes como o programa Meet Me at the Movies... and Make Memories da associação norte-americana ARTZ – Artists for Alzheimer’s. Aqui, os temas de debate também estão associados à vida quotidiana mas ao invés de serem filmes domésticos, o programa recorre a grandes clássicos de Hollywood que são projetados principalmente em teatros e, em seguida, continua com um debate liderado por um moderador que tem como missão atrair o público para uma sessão de reminiscência. Além disso, os próprios locais onde se projetam os filmes, como o Corner Theatre em Massachusetts, foram escolhidos por serem teatros antigos e familiares, repletos de cartazes de filmes icónicos, criando um ambiente reconhecível e acolhedor para os participantes.

Este tipo de intervenções não farmacológicas são combinadas com o objetivo final de promover o bem-estar, a qualidade de vida e o sentimento de identidade e pertença dos pacientes com demência. Se quiser saber mais sobre o tema, no Banco de Documentação do Centro Virtual sobre o Envelhecimento temos à sua disposição vários recursos sobre a estimulação cognitiva.