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21/07/14

Aventura e natureza: benefícios no combate à demência

As doenças neurodegenerativas como as demências e as suas diferentes manifestações como o Alzheimer ou Parkinson afetam não só o doente, mas também o ambiente que o rodeia. No entanto, por outro lado, o ambiente tem também um importante papel na resposta à demência, não só no apoio prestado pelos seus familiares e cuidadores, mas também no contacto direto com o exterior que contribui para despertar os sentidos, estimular a criatividade e trazer as pessoas que sofrem de demência de volta a uma vida ativa.

Partindo deste potencial, nasceu em Inglaterra um projeto inovador chamado ‘Dementia Adventure’, criado por Neil Mapes e Lucy Harding, ligados às áreas da psicologia clínica e das viagens turísticas. O projeto tem como objetivo promover o contato com a natureza e a aventura para pessoas que sofrem de demência. Estes pacientes experienciam um conjunto complexo de sintomas que afetam de forma muito significativa as suas atividades diárias, as suas perceções e as suas relações interpessoais. Para além das limitações físicas, o isolamento, a ansiedade, a depressão, a agressividade e a apatia são consequências comuns das patologias neurodegenerativas e podem levar os doentes a afastarem-se de várias atividades sociais.

Para contrariar esta tendência, a ‘Dementia Adventure’ lança o desafio: “não seria fantástico se conseguíssemos que as pessoas que sofrem de demência pudessem desfrutar de maior aventura e contato com a natureza?”. Para isso, Neil e Lucy organizam programas turísticos de curta duração e para grupos pequenos que incluem atividades como visitar monumentos históricos, contemplar paisagens emblemáticas, praticar desportos náuticos ou realizar caminhadas pedestres. Os itinerários, o alojamento e as refeições são cuidadosamente escolhidos e planeados de acordo com as necessidades específicas do seu público-alvo, tendo sempre como princípio orientador o contacto com a natureza e com o ar livre.   

A ‘Dementia Adventure’ não pensa apenas nas pessoas que sofrem de demência, mas dá também igual atenção os seus cuidadores. As doenças neurodegenerativas são uma das principais causas de incapacidade entre as pessoas idosas e a família continua a ser a principal pedra angular dos cuidados contínuos que estas pessoas necessitam. Os cuidadores destes pacientes são muitas vezes afetados pela fadiga e por problemas psicológicos, pelo que também eles necessitam e beneficiam do contacto com a natureza e com a aventura. Desta forma, os programas deste projeto são desenvolvidos tendo também em conta a relação entre paciente e cuidador, procurando criar para ambos atividades que proporcionem momentos de relaxamento, de interação, de convívio e de partilha de experiências. No fundo, trata-se de uma quebra da rotina diária cujo efeito revitalizante contribui para desenvolver sentimentos de segurança e de pertença, bem como para promover a sensação de propósito e de realização para quem padece ou lida diretamente com a demência.

O incentivo de atividades positivas como o contato com a natureza faz parte de uma abordagem mais holística e abrangente em relação às demências. Os tratamentos farmacológicos podem e devem ser acompanhados de terapêuticas não clínicas que são igualmente importantes para melhorar a qualidade de vida destes pacientes e potenciar as suas capacidades. 

Se quiser saber mais sobre a ‘Dementia Adventure’, consulte as atividades do projeto aqui.

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