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24/07/14

Alzheimer: homenagem ao amor e à dedicação do cuidador

Alejandro Kirchuk é um fotógrafo argentino que, durante três anos, acompanhou no seu dia a dia os avós maternos depois de descobrir que a sua avó sofria de Alzheimer. Esta comovente reportagem ganhou o primeiro prémio da categoria Daily Life do Word Press Photo 2012. Mais do que um registo fotográfico sobre a evolução da doença da avó, La noche que me quieras é uma homenagem ao seu avô no papel de marido, companheiro e cuidador.

Marcos e Mónica casaram-se há 65 anos. Aos 82 anos, foi diagnosticado Alzheimer a Mónica e, desde então, a vida de Marcos mudou radicalmente. Médico reformado e com 84 anos, Marcos converteu-se no principal cuidador da esposa. O seu neto Alejandro quis documentar a evolução da doença e começou a fotografar o dia a dia dos seus avós em 2009. Segundo o seu testemunho, na fase inicial, Mónica começou a ter falhas de memória e à medida que a doença avançava, os sintomas foram-se agravando. Este conjunto de imagens revela as mudanças de comportamento e do estado de Mónica que, na fase terminal, acabou confinada à sua cama ortopédica no apartamento em Buenos Aires, onde viviam, e reconhecia unicamente o seu marido Marcos.

 

 

 

 

 

 

 

Através desta reportagem, Alejandro tentou cumprir dois objetivos: por um lado, mostrar como a doença de Alzheimer muda a vida das pessoas que vivem com estes pacientes e, por outro, sensibilizar o público em geral para a importância do trabalho dos cuidadores que, na grande maioria dos casos, são os familiares mais próximos. Apesar dos sistemas nacionais de saúde e dos serviços e centros especializados, os familiares continuam a ser a pedra angular dos cuidados continuados para pessoas que perdem a capacidade de viver de forma independente por causa da demência.

Conviver com um doente de Alzheimer tem um forte impacto físico e emocional sobre os seus familiares. Estes pacientes necessitam de cuidados básicos constantes que alteram o quotidiano das famílias. Por outro lado, os sintomas associados à doença, como as mudanças de comportamento e de personalidade, as perdas de memória, a apatia, a ansiedade, a agressividade e a confusão mental afectam de igual forma o estado emocional e psicológico dos cuidadores. Cuidar de alguém que padece de demência é uma atividade complexa, frequentemente esgotante e de uma dedicação incansável. É exatamente por isto que o trabalho premiado de Alejandro Kirchuk deve ser visto como um tributo ao amor, à coragem e ao companheirismo, representando um poderoso incentivo e um reconhecimento louvável a todos os cuidadores informais.

Mónica faleceu em 2011, aos 87 anos, ao lado do seu marido. O título da reportagem - La noche que me quieras - é uma referência ao verso de um tango que Mónica gostava de recordar e de cantar antes de perder a memória. E, simbolicamente, é também um reconhecimento ao amor e à dedicação de Marcos, seu marido e cuidador.

Não perca a reportagem fotográfica completa neste vídeo.

 

* Fotos de Alejandro Kirchuk

DEBATENDO

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24/07/2014. 8:08 pm

João Silveira Carvalho escreveu:

Felicito-o pelo seu trabalho e pela forma sensível como alerta para o problema das demências, um problema sem fronteiras e que se agrava ano após ano. Muito se fala nestes problemas, mas pouco se tem feito para os atenuar!
Enalteço o seu sentido humano, expresso no seu trabalho, acompanhamento dos avós e homenagem ao avô, que lhe valeu um merecido prémio.
Abraço

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