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12/01/15

5 coisas que os cuidadores de pessoas com Alzheimer nunca devem fazer

«Encaremos a realidade. Cuidar de uma pessoa com Alzheimer é um trabalho duro. Poderá ter de lidar com mudanças de personalidade e comportamentos difíceis. Talvez venha a ser questionado com a mesma pergunta várias vezes. Frequentemente encontrará problemas com o banho, a roupa e a higiene. Senão for cuidadoso, o seu ente querido poderá começar a deambular.
 
Eventualmente terá de vir a lidar com o dilema de colocar o seu ente querido numa instituição de cuidados de longa duração. E a lista de desafios continuará. Mas o mais doloroso que enfrentará enquanto cuidador de um doente de Alzheimer é a perda lenta da pessoa que ama.
 
Se ler livros, assistir a apresentações e falar com especialistas sobre cuidar de pessoas com Alzheimer, irá obter um conjunto de conselhos aparentemente interminável. Algumas sugestões serão boas, outras nem por isso. O que expressa neste artigo é um conjunto de  ideias sobre cinco coisas que os cuidadores de Alzheimer nunca devem fazer.
 
1. Não esteja em negação
Quando um ente querido mostra sinais de demência, é doloroso reconhece-lo. É frequente os seus amigos e familiares entrarem em negação. É fácil desculpar a pessoa, ignorar os sintomas ou empurra-los para o fundo da sua mente e encontrar outras formas que evitem pensar na hipótese de ser Alzheimer, nem que seja por um minuto. Escrevi mais sobre este assunto num artigo intitulado “Alzheimer’s and the Devil Called Denial”.
 
O problema com a negação é que não leva o seu ente querido a realizar uma avaliação completa num médico de cuidados primários ou num neurologista. E o problema disso é que, por vezes, a demência é causada por problemas de saúde além do Alzheimer. Como afirmei num outro artigo, “What If It’s Not Alzheimer’s?”, alguns destes problemas podem ser tratados ou mesmo revertidos. E quanto mais cedo começar o tratamento para o Alzheimer melhor.
 
2. Não pergunte “Lembras-te?”
Questionar uma pessoa com Alzheimer se se recorda de algo é um erro comum e fácil de se cometer. É quase como se pensarmos que conseguimos refrescar a sua memória. Mas raramente o fazemos. Eles provavelmente esqueceram-se do acontecimento em questão. É o que as pessoas com Alzheimeir fazem: elas esquecem. Por isso é melhor dizer “eu lembro-me de quando...” e assim contar-lhes uma história.
 
3. Não discuta ou contradiga a pessoa
Se está a cuidar de alguém com demência, é fácil contradizer ou discutir com eles quando dizem coisas que são totalmente absurdas. E, tipicamente, dizem muitas coisas que se enquadram nesta categoria. Por exemplo, podem pensar que são crianças novamente e  quererem contar histórias que não podem, de todo, ser verdadeiras.
 
Mas o mais importante a reter é que nunca poderá ganhar uma discussão com uma pessoa com demência. Eles vão persistir na sua atitude até ao fim! É muito melhor concordar e mudar de assunto. Isto pode prevenir uma discussão desagradável que pode arruinar o tempo com o seu ente querido. Para um aconselhamento mais detalhado sobre este assunto, leia o meu artigo “The Contentious Alzheimer’s Patient – You Can Be Right or You Can Have Peace”.
 
4. Não adie cuidados especializados quando são claramente necessários
Em algum momento, durante a progressão da doença, pode tornar-se evidente (embora nem sempre) que não já não consegue cuidar do paciente em casa. Mais tarde,  com o desenvolvimento da doença, é preciso “uma aldeia inteira” para cuidar dos doentes de Alzheimer. Eles irão provavelmente necessitar de uma equipa de enfermagem e de ajuda 24 horas por dia, bem como de um médico de prevenção todo o tempo. Também necessitarão de um dietista, um cozinheiro, uma empregada, um diretor de atividades e muitos outros profissionais. Outra coisa importante é a necessidade de terem pessoas à sua volta que proporcionem estimulação social. 
 
Como afirmei num outro artigo, “Nursing Home Placement for Alzheimer’s Patients – It Can Be The Most Loving Choice”, por vezes, colocar a pessoa numa institução respeitável é realmente a escolha mais afetuosa para o paciente – já para não mencionar para si. Quando já não tem de cuidar de uma pessoa 24 horas por dia, pode relaxar, ter algum do descanso necessário e aproveitar para realmente passar tempo com o seu ente querido, sendo entretanto assegurado que ele ou ela recebem os melhores cuidados possíveis. 
 
5. Não deixe de visitar o seu ente querido quando este já não o reconhecer mais
Muitas pessoas pensam que não há razão para visitar um ente querido que não os reconhece, mas estou plenamente convencida de que deve visitá-lo na mesma. Em primeiro lugar, a pessoa pode desfrutar do facto de ser visitado mesmo que não reconheça quem a visita. Mais importante, é possível que a pessoa não o reconheça, mas que não seja capaz de explicar isso. 
 
No seu íntimo mais profundo, nunca sabemos quem é que os pacientes de Alzheimer conseguem ou não reconhecer. Mas apesar de não existir forma de termos certezas sobre isso, estou convencido de que a pessoa está realmente “lá”, em algum lugar, e devemos sempre assumir que ela talvez saiba e sinta mais do aquilo que consegue expressar.»
 
Autora: Marie Marley. Fonte do artigo: Dementia Today.
 

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