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25/02/15

A sabedoria do idoso, transmissão e interação com os mais novos

Hoje, o nosso destaque vai para uma passagem do livro de Fátima Quelhas O Envelhecimento Humano – Aprender a Viver com a Idade. Escolhemos este texto pela importância que reconhecemos ao saber e ao conhecimento dos idosos e à necessidade, cada vez mais visível na sociedade de hoje, de partilhar, reconhecer, valorizar e distinguir essa sabedoria.

Deixamos, assim, para vossa reflexão:

«Com o notável aumento da esperança de vida, e o envelhecimento cada vez mais saudável, ter avós “saudáveis” e disponíveis é frequente na sociedade contemporânea. Daí que, a função de avô/avó e o prazer de a desempenhar fazem parte do nosso quotidiano, com o convívio ativo entre gerações, que se interligam no ritmo da vida diária: no trabalho, lazer e descanso.

O intercâmbio entre netos, pais e avós é saudável conduzindo ao poder mais transversal, e a sua distribuição menos hierarquizada. Estas gerações complementam-se.

A transversalidade do poder e do saber estão presentes, de acordo com Goldfarb & Lopes (2006) os adultos aprendem com o “bebé” e com o idoso, o que se traduz num enriquecimento para os dois lados. Existe a possibilidade de os mais novos aprendem com os mais velhos, e de forma recíproca, os mais velhos aprenderem com os mais novos.

Os avós de hoje são muito diferentes dos de outrora: menos idosos e mais ativos, devemos dissociá-los dos avós “velhos” que das nossas vidas fazem parte.

A ligação intergeracional e a genética conduziram a coesão na família. São os avós que perpetuam as tradições, reunindo em sua casa a família e transmitindo a cultura familiar. Com a sua morte frequentemente se perdem as tradições.

Muitas vezes os familiares idosos são detentores de património familiar: a casa, os objetos particulares, as jóias de família. Estes bens são deixados por herança e trazem consigo testemunhos de vivências famíliares.

A importância da família, do amor, do respeito pelo outro, da natureza, do valor das coisas simples são alguns dos valores que nos são transmitidos pelos mais velhos. Estas lições de vida são importantes na nossa sociedade consumista que solicita, logo desde pequenos, com publicidade invasoras, e por vezes até agressivas, à compra desnecessária. Os idosos, estando mais afastados do meio publicitário, colocam à tónica em consideração e demonstram que o mais importante não se compra.

Os avós são para as crianças, uma fonte de conhecimento. São eles que acompanham os netos nas descobertas da vida, respondendo às suas questões, tendo sempre presente o seu passado enriquecedor, que por vezes foi muito difícil.

Junto dos adolescentes, podem desempenhar um papel de confidente, uma vez que eles sabem ouvir. Tal como os avós têm influência nos netos também estes têm influência sobre eles.

Os jovens convidam os mais velhos a serem fisicamente mais ativos, e está comprovado que os idosos gozam de mais saúde em contacto com as gerações mais jovens, “o pequeno reintroduzirá tambem o sol no dia dos avós, com palavras de criança de que só ele conhece o segredo”.»

Fonte: FIGUEIREDO, Maria de Fátima da Fonseca Quelhas Barbosa – O Envelhecimento Humano – Aprender a Viver com a Idade. Lisboa: Edições Vieira da Silva, 2014, pp. 74-75. 

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