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A felicidade é ter uma lareira para se aquecer em dias de chuva? É ouvir os discos de fado na aparelhagem nova? É sorrir com as gargalhadas das crianças no parque infantil perto de casa? É ler uma revista cor-de-rosa? O Felicidário é um calendário da felicidade destinado a maiores de 65 anos. Contém ilustrações feitas por alguns artistas portugueses, como Afonso Cruz, Bernardo Carvalho e Madalena Matoso, com ideias de felicidade para todos os dias do ano. São 365 ilustrações recheadas de pequenas sensações, sabores e ideias para relembrarem o sentimento de felicidade. Se já é complicado pedir a um jovem de 20 ou 30 anos para falar sobre felicidade, como será perguntar a uma pessoa de 70 ou 80, com o envelhecimento marcado no rosto e com a ausência de juventude no corpo?

Será a idade ou o envelhecimento um fator importante para mudar os hábitos que nos trazem alegria e preenchimento? É esta interrogação que o calendário da felicidade pretende plantar na cabeça de todos os idosos e também dos mais novos, por forma a incentivar as pessoas com mais de 65 anos a manterem a rotina e os hábitos que lhes trazem plenitude. 

A felicidade é ler uma história aos netos por Bernardo Carvalho

Se a felicidade para algumas pessoas equivale a mansões gigantescas, armários com roupa a sair por todos os cantos e dezenas de sapatos, já para Clotilde, com 89 anos, “uma aula de ioga é felicidade”. A professora de ioga diz que “é o dar, é o receber, é ajudar” que lhe traz felicidade e é o ioga, prática física e mental, que a mantém ativa. Clotilde tem alunos de todas as idades: a pessoa mais velha na sua aula tem 85 anos. “Se sou feliz assim porque é que vou mudar?” questiona esta professora de ioga no final do seu testemunho para o Felicidário. Se a felicidade está nos pastéis de nata que come todos os dias ao lanche, porque é que deveria mudar? Se o sentimento de felicidade está nos legumes que planta na sua horta, para quê alterar os seus hábitos?

A felicidade é vestir uma roupa antiga por Mariana Zanetti

Para colocar em prática o Felicidário, a agência Lintas juntou-se à associação Encontrar+se, que atua junto de pessoas com doenças mentais. Em entrevista ao jornal P3 - Público, Margarida Silva, gestora do projeto, afirmou que a ideia assenta no facto de que apesar de ser saúde o que todos desejam, “a felicidade pode ser uma coisa simples, de que gostamos muito”. A gestora disse também ao P3 que existia a possibilidade de editar o calendário em papel durante este ano e de realizar documentários sobre a felicidade depois dos 65 anos.

As 365 ilustrações foram elaboradas por mais de 40 artistas e, de acordo com Margarida Silva, já receberam vários pedidos de ilustradores para se juntarem ao projeto. Neste momento, no website do Felicidário, encontram-se à venda algumas das 365 ilustrações do calendário e o lucro das vendas destina-se à associação Encontrar+se.

A felicadade é dançar um tango por Júlio Dolbeth

E para si, o que é a F E L I C I D A D E?